ELEIÇÕES GREGAS - O PRINCÍPIO DO FIM
Embora sejam eleições de natureza diferente (presidenciais em França e
legislativas na Grécia) os resultados na Grécia só podem preocupar quem
acha que messianismos na política são a morte da democracia. O voto na
Grécia mostrou uma implosão do sistema
partidário moderado e a ascensão dos extremos. Isto é a consequência de
um sistema politico mafioso e de uma sociedade decidida a vingar-se do
que lhe fizeram. Não tardarão a ouvir-se convites ao exército, tenho a
certeza, pois as forças armadas, por serem a força bruta organizada,
decidem sempre - à falta da legitimidade do voto - quem se mantém ou não
no poder. No dia seguinte, as contas para pagar manter-se-ão, claro.
Porém quem tem chumbo raramente fica muito tempo sem ouro e a guerra
civil, baptizada como "Revolução", tirará à força o que pelo compromisso
não se conseguiu. Quanto à Europa, espero que aprenda duas coisas com a
Grécia: 1) o "crescimento eterno" e a "economia do conhecimento"
(economia sem fábricas) são mitos pós-modernos criminosos. 2) A linha
que dividia o Império Romano do Ocidente do Império Romano do Oriente
não é uma curiosidade histórica: a Grécia nunca devia ter entrado na
União Europeia. Devia ter permanecido nos santos braços da Igreja
Ortodoxa e ser governada pela sua própria versão de Putin. Poupavam-se
os gregos à ilusão de que poderiam ser um país simultaneamente
democrático e desenvolvido e poupava-se o Euro de ficar à mercê do
próximo General Ioannis Metaxas.
1 comentário:
Análise curiosa João e talvez a ser implementada o mundo não seria o mesmo hoje. A visão dos políticos, infelizmente pouco ou nada tem a ver com as condições dos povos e da História.
Gostei.
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