sexta-feira, 9 de março de 2012



Segundo o Público a CONFAP quer que "incivilidades na escola" passem a ser crimes públicos. Ah sim? Imaginem os problemas do nosso sistema educativo a tentarem ser resolvidos pelo nosso sistema judicial:
Professor: "... e então o Manuel chamou à minha mãe p..., Sr. Dr. Juiz"
Juiz: "E isso quando foi?"
Professor: "Foi há sete anos, Sr. Dr. Juiz"
Juíz: "Sr. Manuel. Explique-se lá"
Manuel:"Não sei... não me lembro"
Ministério Público:"Peço que sejam chamadas as testemunhas X, Y e Z" e assim por diante...
É que o crime, sendo público, implica que o mesmo seja julgado independentemente de acordos entre interessados, punições administrativas ou outro tipo de negociação entre as partes. A coisa terá de ir até ao fim com recursos pelo meio e as bandoleirices que os advogados inventam. Entretanto a escola perde definitivamente a legitimidade para resolver os seus problemas e os tribunais ficarão ainda mais atulhados do que já estão. E a raiz deste problema não será um problema de legitimidade? Quem, afinal, manda na sala de aula? E quem manda na escola? Será que alguém manda algures, no fundo?

2 comentários:

Avó Preocupada disse...

Infelizmente é essa a questão, quem manda e de quem é a responsabilidade do estado a que se chegou nos vários e graves problemas da educação no nosso país?
Talvez de todos nós, começando pelos pais, professores, todo o sistema, enfim...
A verdade é que criámos uma geração cujos princípios, respeito e valores são muito diferentes, como diferente é a sociedade em que vivemos e não estamos a conseguir reverter ou criar padrões, para novos tempos e vivências da juventude que está construindo o futuro...

João Paulo Carreteiro disse...

Sim. Acho que esta referência aos Tribunais esconde uma impotência para resolver os problemas no seio da escola: só se vai a Tribunal quando tudo mais falha. É, portanto, o assumir de que a Escola falhou. Mas tenha esperança: o País já passou por tempos piores, como deve estar lembrada, e conseguimos ir para a frente. A luta é dura mas tem de ser feita.
Cumprimentos