segunda-feira, 24 de março de 2008

Eles não têem educação? Dêem-lhes pedagogia

Embora esteja em pulgas para uma muito necessária análise à actual situação nos mercados, os acontecimentos no maravilhoso mundo da educação nacional merecem um comentário do passageiro desta Cabine.
Já toda a pátria sabe da agressão da aluna "Patricia" à Professora por causa do telemovel, ubíquo objecto ao que parece indispensável na sala de aula (para os alunos e até para os professores como me assegura a minha prima J.). Quem não sabe o que aconteceu clique aqui. Trata-se da versão original do Youtube.
Então? É giro, não é?
Esta situação merece-me três comentários: o primeiro é ser este o resultado final de quarenta anos de pedagogia e massificação escolar. Essa, para usar uma liguagem "marxista", é a Superestrutura (começa com Veiga Simão, note-se, não com o 25 de Abril, como andam por aí uns senhores a sugerir).
Em segundo lugar, a queda da pedagogia como método de ensino atingiu o estertor final: caídas as máscaras do aluno como oprimido da sociedade - pedagogia hippie e liberal - e do aluno consumidor de conhecimentos para o «mercado» - pedagogia tecnocrática -o que fica é a antiga «criança mimada» e «travessa» e o professor «corno manso» (à falta de melhor descrição). Esta segunda camada é a Conjuntura na qual vivemos e para a qual não se encontra solução pois só existem propostas desacreditadas (um Salazar em cada Sala/um hippie em cada sala/um empresário em cada sala). Estamos pois à beira de se cair num perigoso nihilismo (se é que já não aconteceu).
Resta analisar «o momento», nesta trapalhada talvez a coisa mais interessante para pensar. Em primeiro lugar é forçoso constatar o óbvio e perceber de uma vez por todas que as novas tecnologias vieram para ficar: já não é possivel esconder este caso (como tantos outros no passado) de agressões e faltas de respeito a professores por debaixo de camadas de burocracia e «conversas com pais e alunos» ou simples palmadinhas nas costas de uns e de outros. O rei vai nu e a sua nudez foi mostrada em triunfo no Youtube (obrigado estrangeiro por a tua luz iluminar este poço de treva chamado Portugal). Incrivelmente os tontos dos senhores professores do Conselho directivo nem sequer tinham conhecimento do que se passara numa das suas salas de aula na semana antes da Páscoa. Foi preciso a mãe de uma aluna queixar-se na escola!!

Pode ser que com esta vergonha na internet (e outras se seguirão pois os telemoveis abundam nas salas de aula) os professores, os conselhos directivos e os pais ganhem vergonha na cara, pois se há coisa que o português receia é a vergonha.

Isso valerá mais do que qualquer avaliação feita a professores moralmente falidos. O medo de serem a proxima «professora de francês (ou lá o que é)» levará os docentes a usarem mais vezes da mão. O medo de serem o próximo Conselho directivo na mira das objectivas da Televisão irá incentivar os mesmos a defender os professores. O medo de passar uma vergonha no café: «foi a filha daquela que...» ou no local de trabalho «então já sabes que o filho do Rui...» irão provocar reacções nos pais . E nestes últimos bem necessária é a vergonha na cara pois são os responsáveis por aquilo que as suas crianças fazem ou dizem.

Haja esperança! Como é sabido, o medo é uma das bases da disciplina.

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Em todo o caso é de bom tom fornecer um contributo para a solução deste problema. Não há aliás neste país burro que já não o tenha feito: o asno ocupante desta cabine tem portanto o direito e o dever de zurrar também.
Como? É simples, a sério, é simples: é preciso ir ao bolso dos pais. Faça-se uma tabela de multas por cada caso destes (tipo código de Hamurabi): Expulsão da sala de aula - 5 Euro; Injurias verbais aos docentes/funcionários- dez Euro; Ameaças de agressões - 50 Euro; Agressões 100 Euro, etc. E já agora o débito seria automático no salário ou debitado nos Impostos a pagar ao Estado. Igual tabela deveria ser feita para os professores que deixassem a indisciplina grassar na sala de aula e para as escolas que deixassem os alunos fazerem o que querem (a pagar por todos, pais, profs e funcionários)
Vão ver como num instante a violência diminuia.
Atentem nisto: em Portugal, para as pessoas se mexerem é preciso fazê-las passar vergonhas e ir-lhes ao bolso. Isto não vai lá com admoestações e «inquéritos»
Para os casos graves reincidentes expulsão pura e simples do sistema educativo ou ingresso num reformatório.

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