sábado, 21 de junho de 2008

Mais além

Só para que não se diga, como fez um amigo meu aqui há dias, que o meu blog é catastrofista, decidi abordar - finalmente! - o tema da exploração espacial e os recentes sucessos que têm sido alcançados em Marte.
Visto por muitos como uma espécie de insulto à pobreza mundial (como se esta pudesse ser combatida sem espírito científico, apenas com gemidos ideológico-religiosos mal disfarçados) a exploração espacial é vista por outros como mera propaganda ou, pior, como a expansão da "maldade humana" no cosmos. É verdade que "velhos do Restelo" existirão sempre mas sou de opinião que opor-se à exploração espacial equivale a condenar a espécie humana a um futuro do género "Matrix", se correr "bem", ou a um destino semelhante ao dos dinossauros, se correr mal. Acho mesmo que caso a humanidade consiga vencer os desafios gémeos do aquecimento global e do "pico petrolífero" a problemática associada à saída do berço terrestre irá emergir como a grande questão evolutiva seguinte. Em resumo: é dever de toda a espécie expandir-se e ocupar o maior número de nichos biológicos que possa. Estagnar é morrer.
Mas chega de filosofia (ideologia?) espacial; deixarei isso para outros posts.
No que diz respeito ao Planeta Marte é de saudar a confirmação de água gelada (permafrost?) encontrada no hemisfério norte do Planeta Vermelho.
As fotografias obtidas pela sonda Phoenix Mars Lander no início deste mês fizeram-me lembrar as pegadas descobertas em Laetoli, na Tanzânia e que datam de há 3,6 milhões de anos. Ambas retratam um momento transcendente para a nossa espécie: as marcas de Laetoli o mais antigo registo da bipedia que libertou as nossas mãos; a de Marte a possibilidade de enviar naves a esse planeta sem nos preocuparmos em carregá-las com combustível para o retorno, tornando a sua colonização uns milhões de dólares e umas décadas mais próximas de nós.
Também é verdade que a possibilidade de se encontrar fósseis ou mesmo vida microbiana em Marte aumenta, o que é bom, tanto em termos biológicos como cosmológicos. Acho, porém, esta hipótese algo bastante remoto. Confesso considerar toda esta agitação em termos de vida alienigena no sistema solar (com a excepção do enigma de Europa) benéfica apenas para manter as missões sob o olhar favorável da opinião pública e pergunto-me até que ponto não será mantida pelos próprios cientistas. É um pequeno pecado; como muitos pequenos pecados anteriores (a ida a Lua, admito) pode dar dividendos sob a forma de avanços na geologia planetária ou no aperfeiçoamento da robótica espacial, essencial, se queremos aprender a destruir um cometa ou asteroide com intenções Neojurássicas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esperemos que estas pegadas possam, no futuro, ter tanto sucesso como tiveram aquelas com 3,6 milhões de anos...

Bjs
ED

PS: e cada vez menos soas a catastrófico e sim mais a real (embora cruel, por vezes)

João Paulo Carreteiro disse...

Obg
bj
Rasputine Zoompt