terça-feira, 15 de julho de 2008

Dia Internacional do homem

Ontem à noite estive no chat com a P. Ela é brasileira e informou-me ser hoje, no Brasil, "Dia nacional do homem" (refiro-me ao macho da espécie)! Fartei-me de rir e, emocionado por semelhante extravagância, agradeci-lhe, em nome da minha parte da humanidade, por se terem lembrado de nós.
Ela trabalha na USP e, sendo universitária sul-americana da área de humanidades, é consequentemente parte de uma tribo obcecada com "a raça", a "identidade", o "género" e coisas assim. Por isso garantiu-me que o dia se destinava a "comemorar os feitos do homem" e que se havia proposto, no contexto de um pequeno inquérito universitário, a perguntar junto dos seus conhecidos qual achavam serem os três maiores feitos da respectiva parte da espécie:
Depois de uns momentos de galhofa provocada por ter dito: "1) aturár-vos; 2) ouvir-vos; 3)amár-vos." Respondi-lhe, mais sério: "1) a ciência; 2) a escrita; 3) o vôo artificial".

Exclamou: "Mas isso são conquistas da Humanidade!"
Concordei, acrescentando: mas fomos nós que as iniciámos/criámos e as desenvolvemos depois, quase sempre sozinhos (embora por escolha própria, é certo). E também podia juntar a arte, a música, o paraquedismo, o dinheiro, a agricultura, a apicultura, o fogo, a religião organizada, a bússola, os desportos radicais, a democracia, a internet e por aí fora.
Perante a ira demostrada do outro lado do Atlântico, achei melhor explicar-me:
Eu sugeri que as descobertas e conquistas da humanidade (a nível técnico e artístico que as partes sentimental e social vêm, claro, dos nossos antepassados primatas) deverão ser-nos atribuídas com toda a justiça. Isso mesmo. Como afirma o actual "discurso oficial", eivado de feminismo, foram os homens que "definiram o mundo como ele está", frase cheia de azedume. Por mim tudo bem, já se disse o mesmo dos "arianos", dos "operários", dos "capitalistas", dos "judeus" e de um enorme desfile de grupos e sub-grupos. Agora são os "homens". Porém, se somos responsabilizados pelas perversões dos usos das conquistas humanas, devemos também ser creditados, quer por elas, quer pelo que de bom nos deram, não? Nem que seja só no "nosso" dia.
* * *
Veio depois a arenga dela e respectivos conselhos. Li, como um aluno mal comportado lê uma reprimenda. E não insisti, claro. Eu gosto muito dela mas conheço os dogmas do actual mundo universitário e sei que toda esta questão, mesmo a do "Dia nacional do homem" esconde as complexas forças da "identidade de género" ou lá qual é o nome que lhe dão. E como acho que essa maneira de ver o mundo não é adequada a ler a realidade, sempre que posso, tento "desconstruí-la" (para usar o jargão da seita).
Enquanto lia as suas palavras, tive assim, a ideia de fazer um post dedicado ao "15 de Julho", bem como algumas considerações sobre o futuro das relações homem-mulher (neste aspecto em particular).
* * *
Eis o sumo do que concluí:
Como acontece com todas as ideologias que se tornam "imperiais", o feminismo, sentiu a necessidade de "invadir a Rússia". Essa Rússia - esse território vital que precisa de controlar - é o controlo da procriação e da sexualidade. A sua arma, a pílula.
Mas sendo as coisas o que são, suspeito que, como no passado aconteceu com os invasores de outras Rússias, o feminismo há-de embater no respectivo "inverno russo" e despedaçar-se-á em mil bocados.
Esse "inverno russo" é o desastre demográfico que envolve todos os países nos quais as mulheres conseguem o domínio sobre estas questões. É que, para além de um certo limite (a substituição geracional), a sociedade torna-se incapaz de se regenerar. Imaginem o que seria tentar fazer a "Revolução dos anos 60" numa sociedade com mais "pais" que "jovens" . Não se faria, claro. Deliro? Eis dois exemplos: o Japão e a China actuais...
E quanto àqueles que sonham com os imigrantes para "fazer a revolução" ou para "construir a economia", desenganem-se, porque eles vêem de sociedades... bom... conservadoras (já para não dizer francamente reaccionárias).
Gostaria a menina/senhora que me lê de viver numa sociedade islamizada ou africanizada? Hum...? ;)
Temo, pois, que a queda demografica seja para o feminismo, o que o Inverno russo foi para Gustavo IX, Napoleão e Hitler.
Tal como estes três conquistadores, o feminismo, através da pílula, avançou rapidamente pela vastidão da realidade que pretendia conquistar. Mas a rapidez do seu sucesso acabará, julgo, por plantar a semente da sua derrota. Por enquanto, ainda estamos na fase de Borodino, de Kiew ou da conquista de Smomlensk. Mas é bom que se verifique se o equipamento de inverno já está a ser reúnido em Varsóvia e em Vilnius. Parece-me que não...
A Rússia atinge temperaturas, no Inverno, na ordem dos 50º negativos...
Feliz dia do homem!

4 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Zoom!
È então a solução para o mundo civilizado que a mulher passe então a procriar desde os 20 e leve os restantes 20 de volta das panelas e dos cueiros (como irá trabalhar com 5 filhos???)?

Se assim for, como poderá inventar, para a humanidade, descobertas semelhantes às que enunciaste para os homens?

É a pescadinha de rabo na boca. Ou então, procriem, para que os homens possam ser aqueles que descobrem coisas importantes.

E não queres tu que o feminismo tenha adeptas!....

M.

João Paulo Carreteiro disse...

Eu não quero nada disso, juro.
"Observar algo não é o mesmo que defender algo", quanto a mim.

E a referência às invenções era mais na ironia, apesar de ser verdade, acho eu (com a possível excepção da agricultura).
Mas é, de facto verdade ser uma pescadinha de rabo na boca.

Quanto à salvação para o mundo ocidental, não é necessário ter 5 filhos. Penso bastar 2,1 filhos. Segundo sei, é suficiente para permitir a substituição de gerações. E se não acontecer, também não faz mal. A felicidade também se encontra em outras culturas.;)
zoompt

Anónimo disse...

Amei seu blog! Porque não me disse nada antes?
Enviei o link pra todo o mundo. Mesmo pra tribo "obcecada com "a raça", a "identidade", o "género" e coisas assim"!!!!

Não acho que deva estar tão pessimista quanto ao futuro do feminismo, viu? Viémos pra ficar!
Acho que a demografia não será o voto de minerva nessa questão como você parece acreditar.

E quem é a Trinity??? Vai me contar tudinho, não vai?

P.

João Paulo Carreteiro disse...

1)Obrigado, Fizeste bem!

2)Assim espero, P. Assim espero... Sobretudo para vosso bem.

3)Uma coisa boa que descobri há já algum tempo e que agora vê a luz do dia (finalmente). Sim, eu prometo.

bj
Zoompt