domingo, 6 de julho de 2008

Eneagramas - Nota prévia

Na última quinta-feira acompanhado dos membros do "Projecto Lázaro" e de alguns convidados, fui até Arganil participar numa extraordinária experiência de vida. É, de facto, um privilégio conhecer pessoas assim e ter a oportunidade de passar, na sua companhia, tantos momentos em que a leveza e a profundidade se combinaram para conceber permanências. Em três dias, foi obra.
O pretexto foi uma acção de formação sobre Eneagramas.
Sucintamente, um eneagrama é uma ferramenta para nos conhecermos a nós próprios. Através de uma geometrização do nosso eu, o enagrama descobre a força dominante da nossa personalidade
, facilitando assim a análise desta no que diz respeito aos seus pontos fortes e fracos, bem como a sua interacção com o mundo. Ele detecta os nossos hábitos, medos, temperamento e qualidades, enquadrando-os na lógica de um todo racionalizável e, pelo menos, à superfície, explicável.
Uma ferramenta é um meio para permitir um fim; neste caso, o fim é a resposta ao pedido escrito nas paredes do Templo de Apolo, em Delfos: "Conhece-te a ti próprio".
Claro que este pedido é uma impossibilidade. Mas pelo menos, podemos caminhar na sua direcção e, mais importante, ao fazê-lo, descobrir nos outros o que eles são, de modo a conseguir chegar, da melhor maneira possível, até eles.
É por isso que o Eneagrama é igualmente um processo de transformação. Apresentado tradicionalmente de forma oral e em pequenos grupos, é essencial a participação de todos na busca do auto-conhecimento. Não é um caiaque, digamos; é uma embarcação para vários remadores.

***

Dito isto, percebe-se que apanhados numa secção de Eneagrama, os participantes depressa se vêem expostos a uma grande intensidade emocional. Convém perceber esta realidade porque, pelo menos no meu caso, e com a excepção de um dos organizadores, eu não conhecia nenhum dos presentes ainda há um ano atrás. É necessário uma grande dose de confiança mútua. Nestas secções percorre-se bastante gelo fino. Convém não correr; convém não demorar muito tempo em alguns lugares.
* * *

Mas vamos já para o que me levou a escrever estas linhas. Agora que voltámos ao nosso dia-a-dia, deixo-vos (a vocês e aos leitores da Cabine) algumas reflexões sobre o que se passou em Arganil. E porquê? Primeiro, porque este blog é o meu diário; segundo por ter algumas reservas em relação aos Eneagramas; terceiro... Hum... por outras razões...
Infelizmente para os outros leitores do blog algumas das coisas escritas parecerão demasiado obscuras. Desculpem lá: os três posts abaixo não foram feitos a pensar no "grande público"!
Consequentemente, não serão aceites comentários, excepto dos presentes em Arganil.

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Resta dizer umas palavras sobre a apresentação daqueles três dias ao mundo. Se há coisa que quero preservar é a confidencialidade do que lá se passou, como é óbvio. Portanto, nada de iniciais - como costumo fazer aqui na Cabine.
A confidencialidade, porém, é muitas vezes amante da metáfora e da alegoria. Por isso fiz da necessidade virtude e, para melhor poder exprimir o que realmente aprendi em Arganil, decidi comparar esta formação ao filme "The Matrix", o qual, pondo de parte o fogo-de-artifício, aborda os mesmo temas.
Caso algum de vós não tenham visto o filme... paciência. Vão aqui para terem uma ideia.
Espero, todavia, que o lago de metáforas que vão ler tenha as águas suficientemente claras para não dar origem a mal-entendidos!
Bom... mas deslindar os novelos de duplos sentidos que nós - os 4 deste mundo - criamos é, afinal, uma das razões de ser das vossas licenciaturas/mestrados/doutoramentos, certo? ;)

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Sentem-se portanto confortalmente. Vão buscar uma chávena de chá frio (ou algo mais potente) e... espero que gostem.

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