segunda-feira, 7 de abril de 2008

As minhas guerras nº2

A Oeste nada de novo. Continua incessante, como esta chuva de Abril, a minha barragem de artilharia às posições inimigas. Se do ar se visse esta paisagem dir-se-ia a lua, tantas as crateras criadas. E o bombardeamento continua. Pequenos morteiros, grandes obuses; até dos aviões que de momento ainda apenas servem para sondar o movimento da força opositora, se largam granadas, lançadas pelo fotógrafo, à mão.
A minha força aguarda, encolhida nas profundezas das trincheiras recuadas. A 1ª linha, demasiado próxima do rebentar dos meus próprios obuses queda-se deserta. Todo o meu exército aguarda que a chuva de aço e fogo passe.
Começou prometedora a barragem na nova frente. Mas ai! Eis que a esta chuva de concepção humana se somou a chuva de água, vinda de cima, como se a natureza subitamente desperta (mas porquê, por quem?) quisesse arrefecer o momento em que antevi a brecha.
Por isso é necessário aguardar e insistir no bombardeamento pesado. Que ninguém ouse sair ainda da protecção do abrigo! Às defesas somam-se agora poças de lama fundas provocadas pela minha própria artilharia. Que irei encontrar à minha frente?
O vinho foi servido; é forçoso bebê-lo.

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