terça-feira, 22 de abril de 2008

Dia da Terra

É, uma vez mais, "Dia da Terra". E uma vez mais este dia serve apenas para aumentar o rol de notícias deprimentes sobre o estado do Planeta que comemora.
Já nesta cabine foi tratado o problema de icebergs, metafóricos e não metafóricos, cercando o Titanic em que a humanidade se encontra. Não se irá bater na mesma tecla, mas convém referir o acontecimento - quase diria - irónico, sucedido em Nova York também neste dia: o petróleo atingiu um novo máximo histórico, 119 dólares americanos. Ontem, segundo este artigo no Bloomberg, os Estados Unidos acabavam de ser ultrapassados em termos de consumo anual de petróleo pelos "quatro grandes" do mundo em desenvolvimento (China, India, Rússia e Países do Golfo). Segundo dados fornecidos pela IEA (Agência Internacional da Energia), qualquer ganho, quer em termos de eficiência, quer em termos de destruição da procura - leia-se: recessão económica - em relação ao ouro negro, será irrelevante. O número de veículos comprados pelos asiáticos mais do que assegurarão a continuação da alta de preços nos combustíveis, uma vez que, a oferta não irá - porque já não pode - crescer.
É portanto uma via de sentido único. E será curioso também especular o que poderá acontecer quando o preço atingir os 200 dólares ou passar esse valor. Interessante também, será a possibilidade de virmos a assistir a falta física de gasolina nas bombas. O que acontecerá então? Como se irá todos os dias para o IC-19? Será possível ir de Sintra ou Oeiras até Lisboa com o litro de gasolina a 30, 40, ou 50 Euros?
Parece que já estou a ouvir os comentários: "eles" vão inventar um substituto para a gasolina, etc. Lamento informar que isso até pode acontecer, infelizmente terá de se explicar 1) como se irá substituir o parque automóvel doravante obsoleto por outro "eléctrico"; 2) com que dinheiro iremos comprar esses veículos, uma vez que toda a gente está afogada em créditos e dividas e finalmente 3) será que esses novos veículos que "eles" vão construir terão a mesma versatilidade, baixo preço e relação energia/preço dos veículos a gasolina? Obviamente não existem respostas a estas perguntas para além de vagas promessas nas quais "eles" nos asseguram que tudo correrá bem. Por esse razão, afirmo e continuarei sempre a afirmar que as pessoas, no dia em que o Iceberg embater, passarão o primeiro dia a brincar no gelo, como se nada de particularmente grave tivesse ocorrido. E que tem isto a ver com o "Dia da Terra"? Tem tudo. A subida imparável e irremediável do preço dos combustíveis acabará por provocar o fim do automóvel enquanto veículo de massas e o fim de muitas outras coisas que provocam enormes danos no ambiente, tais como: industria quimica, agricultura industrial, "Maçãs vindas da África do Sul", "roupa vinda da China", adubos e plásticos.
Porém, tal como no mito grego de Pandora, em que as fúrias e males do mundo são libertados pelo abrir da caixa; também nós encontraremos a esperança na forma de um planeta finalmente livre da pressão da sociedade de consumo.
E Isso é bom? É. Ir-se-ão os aneis mas ficarão os dedos, querem melhor?
E Isso vai custar? Vai. E de que maneira. Corremos o risco até de perder a democracia (quantas sociedades não-urbanas e, ao mesmo tempo, democráticas é que existiram ao longo da história? Eu digo-vos: zero).
A passagem voluntária, ou sem terriveis custos humanos, para um mundo livre da sociedade de consumo em que vivemos, só é possível na cabeça de hippies velhos e outros místicos ocidentais.
Só espero que os proverbiais Hitleres e Estalines não aproveitem para entrar em cena enquanto for energeticamente possível fazer deflagrar a IIIª guerra mundial.
Até lá:
Feliz dia da Terra! Que o possamos celebrar, um dia, com genuino orgulho e satisfação!

1 comentário:

Anónimo disse...

pois... não há esperença